Sessão Especial marca o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes
Sessão Especial marca o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes
A Câmara Municipal de Vereadores de Santo Ângelo, realizou nesta segunda-feira (17) uma solenidade alusiva ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. A Sessão Especial foi requerida pela vereadora Simone Lunkes (PDT) e buscou destacar o quanto o tema está presente em nossa sociedade.
Há mais de 20 anos, foi instituído o dia 18 de maio, como Dia Nacional do Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, através da Lei Federal 9.970/2000. A data, foi escolhida devido a um crime de abuso sexual contra uma criança de apenas 8 anos. O crime hediondo ocorreu em 18 de maio de 1973, quando a menina Araceli Cabrera, foi raptada, após voltar da escola onde estudava, segundo relatos de testemunhas, Araceli havia saído mais cedo da escola, para poder embarcar no coletivo que deveria levá-la embora, porém a criança não embarcou e ficou brincando próximo a um bar, após aquele momento, Araceli Cabrera não foi mais vista com vida. A menina foi drogada, estuprada e morta. Quase uma semana após o desaparecimento, seu corpo foi encontrado desfigurado atrás do Hospital Infantil, em Vitória/ES. O caso gerou grande repercussão em todo o país, porém permanece impune até os dias de hoje.
Durante sua fala, a vereadora Simone Lunkes relembrou o caso da menina Araceli, e destacou que na maioria dos casos o abusador é alguém muito próximo da vítima, no qual a criança normalmente conhece, convive e confia, podendo muitas vezes ser um membro da família, ou alguém que exerça algum tipo de poder sobre a criança. Simone, que também é Psicóloga, cita que a vítima deste tipo de violência é comum que cresçam com sentimento de medos, culpa e pouca confiança interpessoal. Para evitar este tipo de violência é preciso que os pais e responsáveis mantenham uma relação de confiança com as crianças e adolescentes, onde eles se sintam seguros para poder falar sobre qualquer assunto, e principalmente não manter segredos. Segundo ela, é necessário conversar com as crianças sobre as partes íntimas do corpo e seus limites, explicando onde jamais pode ser tocado, e que os pais necessitam saber com quais companhias os filhos andam e o que andam fazendo, afirma.
Sinais que crianças e adolescentes normalmente transmitem quando estão sendo vítimas de abuso e exploração sexual.
- Surgimento de medos que antes não haviam;
- Rejeição repentina de pessoas ou lugares específicos;
- Mudanças drásticas no humor e comportamento;
- Regressão no convívio social;
- Mudanças na alimentação e no modo de se vestir;
- Rejeição repentina de pessoas ou lugares específicos;
- Mudanças drásticas no humor e comportamento;
- Regressão no convívio social;
- Mudanças na alimentação e no modo de se vestir;
Para Jeferson Leon, Presidente da Associação dos Conselheiros e Ex-Conselheiros Tutelares do Rio Grande do Sul - ACONTURS, o conselho tutelar atualmente desenvolve um trabalho diferenciado, quando comparado com alguns anos atrás, onde a entidade trabalhava no atendimento das vítimas de abuso e exploração sexual, hoje, o trabalho da instituição está muito focado na parte de prevenção destes casos, atuando com projetos educacionais junto às escolas, como o trabalho educacional para crianças de séries iniciais, semáforo do toque, que de forma lúdica sinaliza partes do corpo das crianças com as cores verde, amarelo e vermelho, onde, verde significa que pode tocar, amarelo significa atenção e vermelho ninguém pode encostar. Leon, também destacou a importância da comunidade se sensibilizar com o tema, ficar atenta aos sinais de todas as crianças, e em caso de suspeitas, realizar denúncia ao órgão competente, pois o silêncio deixa marcas profundas, afirma o Presidente.
Coforme informações disponibilizadas pela Delegada Luciana Cunha da Silva, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Santo Ângelo, somente neste ano a cidade já registrou 10 casos de estupro de vulnerável. Uma média de aproximadamente 2 casos por mês. No ano de 2021, os números são ainda mais altos, passando à média de 4 ocorrências de abuso ou exploração sexual a crianças e adolescentes, por mês. Segundo a Delegada, o que preocupa não são os casos que vêm à tona, e sim os quase 90% dos casos que não são denunciados, afirma Luciana Cunha. Na oportunidade, o vereador Nérison de Abreu (PRTB), pediu providências à Delegada Luciana Cunha, para investigar dois casos de abuso, o qual o mesmo entregou em mãos da Delegada Santo-Angelense, um documento manuscrito, informando detalhes da denúncia.
Estiveram compondo a mesa de honra da solenidade os vereadores Osvaldir Ribeiro de Souza, Presidente da Casa Legislativa, Maurício Loureiro, vice-presidente e Nader Awad, Secretário da Mesa Diretora, Luciana Cunha da Silva- Delegada da Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente de Santo Ângelo, Luís Carlos Rosa , Juiz da Infância e Juventude, Renato Tirapelli, Promotor de Justiça, Flávio Christensen, Secretário Municipal de Saúde representando o Executivo Municipal, Jonatã Ferreira, Coordenador do Conselho Tutelar, Luciane Veronese, Coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial de Santo Ângelo - CAPSI e Jeferson Leon, Presidente da Associação dos Conselheiros e Ex-Conselheiros Tutelares do Rio Grande do Sul - ACONTURS. Também registramos a presença da senhora Viviane Bueno, Conselheira Tutelar de Santo Ângelo.